Considerado o Oscar do cinema brasileiro, o Prêmio Grande Otelo anunciou os filmes que disputam o primeiro turno do evento. O Norte do Brasil está bem representado com cinco produções: “Uýra – A Retomada da Floresta” está na corrida de longas-metragens de documentários, o paraense “Cabana” em curtas de ficção, o amazonense “Cem Pilum – A História do Dilúvio” está em curta de animação e os roraimenses “Mãri-Hi” e “Thue Pihi Kuuwi: Uma Mulher Pensando” em curta de documentários.

Dirigido por Juliana Curi, “Uýra – A Retomada da Floresta” mostra a história da artista trans indígena que viaja pela Amazônia em uma jornada de autodescoberta usando a arte performática para ensinar aos jovens indígenas que eles são os guardiões das mensagens ancestrais da floresta amazônica. Em um país que mata o maior número de jovens trans, indígenas e ambientalistas em todo o mundo, Uýra lidera um movimento crescente por meio das artes e da educação, ao mesmo tempo em que promove a união e inspira os movimentos LGBTQIA+ e ambientalistas no coração da Floresta Amazônica. As performances de Uýra são uma metáfora inspirada no ciclo ecológico que espelha as lutas sociais: a destruição do solo e a violência contra a vida, seguidas pelo ressurgimento de plantas jovens que germinam rapidamente e abrem caminho para um ecossistema renovado e mais forte.

Ganhador do Festival do Rio, “Cabana” se passa no meio à floresta amazônica quando uma mulher da revolução cabana recebe uma indesejada visita. Isabela Catão e Rosy Lueji estão no elenco do drama dirigido por Adriana de Farias. Já “Mãri-Hi” e “Thue Pihi Kuuwi: Uma Mulher Pensando” são produções yanomamis que foram exibidos no Festival de Veneza.

Narrado no idioma Dessana, o curta é o resgate de uma das histórias contadas pelo líder do povo Dessana Feliciano Lana, fazendo uma homenagem ao artista, que foi vítima da COVID 19 e faleceu em 12 de maio de 2020. No tempo antigo, existiam mais animais ferozes do que pessoas. Então, Deus Criador ordenou o dilúvio. A direção de “Cem Pilum”, exibido em mais de 70 festivais, é de Thiago Morais.

Neste ano, foram inscritas 326 obras e mais de 3000 profissionais do audiovisual brasileiro indicados para concorrerem ao Troféu Grande Otelo. Votado por profissionais das mais diversas áreas do setor, o Prêmio Grande Otelo vem passando por atualizações desde que foi criado, sempre acompanhando as mudanças do mercado audiovisual. E, com o objetivo de abranger a multiplicidade de formatos narrativos, a Academia criou este ano duas novas categorias, totalizando 29: Melhor Atriz e Melhor Ator de Série de Ficção. No total, são 29 categorias, incluindo a categoria de filmes ibero-americanos, com produções indicadas pelas academias de cinema dos 13 países associados à FIACINE (Federação Ibero-americana de Cinema).